sábado, 23 de setembro de 2017

Figuras (Eduardo Martins, 2017*)

Nenhuma forma de fora
Nenhum sentido cá de dentro
Parte figura não sai que flora
Flor que não tem sentido centro

Um constelato concreto forma
Fronha por fora palavra dentro
Flora de flor que não desfolha
Sentido quase buquê-invento

Nenhuma figura palavra forma
Parte de larva lavra seu centro
Forma palavra parte de fogo
Ser seu sentido cinza ao vento.

(Eduardo Martins, Professor UNIR. Livro A Palavra Falta, Ed.Temática 2a. Edição p.38)

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Inexis-ti (2017)

E existes, existirás sob o céu
Ou sob minha vontade.
Não.

Existes, exclusivamente,
Sob minhas insônias
Sob meu refúgio.
Sim.

Inexistes.
Eres apenas a ausência de mim.

Fim.

CANÇÃO PARA DAPHINIE (2010, Ivan Petrovitch)

descansa
no silêncio branco
da folha de papel
a poesia

descansa onde as folhas caem
onde amansa o açoite das águas
descansa nos olhos de Daphinie

na voz do vento
na  música da chuva
na ternura das asas

no outro lado impenetrável das coisas
no murmúrio das horas
no mar, no sol, na lua, nas ruas

na ânsia de quem espera o amor que não vem

descansa
a poesia
nuinha em flor...



Ivan Petrovitch - http://ivanpetrovitch.blogspot.com.br

O CIENTISTA E O POETA (2005. Ileides, autora)

Vou traçar um paralelo

Entre Poesia e Ciência.
A Ciência explica os fatos,
Poesia cria essência.

Cientista quando fala
Pode provar o que diz.
O poeta quando escreve
Basta sonhar... ser feliz.

Cientista diz que a chuva
É reação da natureza.
Para o poeta é o céu
Que chora em grande tristeza.

Cientista vê na lua
Satélite natural.
Para o poeta é a sua
Companheira sem rival.

Cientista diz que o Sol
É uma estrela fulgurante.
Para o poeta é farol
Que brilha no azul distante.

Cientista vê as estrelas
Como astros luminosos.
Para o poeta são anjos
Nossos entes, jubilosos.

Cientista diz que eclipse
É alinhamento orbital.
Ao poeta é casamento
Lá no espaço sideral.

Cientista vê cascatas
Como quedas naturais.
Para o poeta são véus
Que enfeitam... são madrigais.

Cientista explica os olhos
Como órgãos da visão.
Para o poeta são luzes...
Janelas do coração.

Coração, para a Ciência
É só um músculo no peito.
Para o poeta é a fonte
De sentimentos perfeitos.

A Ciência para o mundo
Tem importância vital.
Poesia para a vida
Tem valor fundamental.

Cientista ou poeta
Cada qual tem seu valor.
Ciência aprimora a vida
Poesia... gera amor.
Ileides Muller
Enviado por Ileides Muller em 18/09/2005
Código do texto: T51554
Classificação de conteúdo: seguro
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/51554

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Amigos-Amantes (2017)

Amigos como Fernando Pessoa
Amantes como Vinicius de Moraes
Amigos como jovens animados
Amantes como adultos condutores de paz

Amigos de sentimentos apertados
Amantes com sentimentos comprimidos
Amigos com caminhos renegados
Amantes com desejos presumidos

Amigos que calculam as horas de espera
Para que amantes possam um dia se encontrar
Mas, que como amigos se portam, enganam-se  olhos turvos
Amando, que como amigos proibem se entregar

Amigos. Amantes. E a espera.
Cuja dúvida permanecerá no ar.
Amigos. Amantes... quem dera
Por tanto querer, por tanto ardor... resignar.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Ternura (2017)

Desliza no meu pensamento
O desejo de ir a teu encontro
Fecho os olhos e escuto tua respiração
Em um sussurro poético

Consiste a busca insaciável
Por tua pele na ponta dos meus dedos
Cavalgando suavemente entre tuas permissões
Tocando-te em vôos noturnos

Como podes ser tão pueril?
Como podes ter tanta suavidade?
Como podes ser tão secreto?
Que sinto o infinito, ao me aproximar de ti

E nesse pensar, tão deslizante
Neste desejo de te encontrar
No olhar tão penetrante
Para imaginar nossa posse, devo nos acordar

terça-feira, 25 de abril de 2017

Mantido (2017)

Manto.
Manta.
Mantem.
Manutenção.

Mania.
Maníaco.
Manda.
Manada.

Matem.

sábado, 22 de abril de 2017

Beijos (2017)

Que beijo intenso.
Sugado de mim.
Em vai e vem de lábios puros
Ávidos por serem assim

Que beijo impróprio
Em escala de tempo e espaço inatingíveis
De partes permitidas de nós
De lados escondidos de mim

Que beijo, Meu Deus !!
Quantos beijos !! Quais beijos !!
Acompanhados de abraços,
Vinho e ambição

Cada beijo perseguido, atormentado
Entre o talvez e o não.
Cada beijo lembrado, assim devagarinho
Pleno de paixão

Beijos infinitos, tesados de sofreguidão
Cada beijo apapalpado, querendo permissão
Meu Deus!! Cada beijo !!
Secular. Milhões de beijos em um único beijo...
... de aceitação.

Mastiga (2017)

Mastiga o nada.
Que ele se desfaz em saliva.

Mastiga o tudo.
Antes que ele te cuspa.

Entre o tudo e o nada
Sozinhos ou juntos?

Sei lá. Mastigue-os.
Antes que te engulam

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Corto (2017)

Corto devagar os papeis sobre a mesa
Fazer confetes de papeis sucateados
Corto devagar papeis com a tesoura insensível
Insensível ela está aos papeis e a mesa

Recortadas ficam ... ali: as sobras, largadas
Picados os papeis, os registros, as memórias
Tesoura ali. Insensível. Plissada.
Querendo desfazer-se do papel e da mancha fabricada

Corto devagar os papeis. Silenciosamente.
Recorto-me em papeis. De papeis insidiosos.
Fico-me nas sobras do nada recortado.
Acabam as memórias, preenchidas de manchas.

Mancho-me de confetes de papeis sucateados.
Insensivel, como uma tesoura silenciosa.
Devagar, como papeis vão sendo picados.
Mancho-me ao encerrar as memórias do nada.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Convida-me? (2016)

Convida-me para uma noite de vinhos e conversa
Para uma noite de andanças despretensiosas

Convida-me para uma adega de bons pensamentos
Para uma noite de inteligência e risos

Convida-me para olhares furtivos, com descobertas inocentes
Em uma noite sem grandes rompantes

Vinho, risos, descobertas
Convida-me. Assim de simples: o direito de nos (re)conhecer.

Convida-me para nos sentirmos vivos.
Como vivo é deixar-se querer.

Morto (2016)

E o olhar se modifica em mim.
A face do que não sei confronta a impaciência
E desfaz a memória da angústia.
Revela-se a alegria.
Revela-se uma fantasia.

Póstumas andanças de alguém que não existe
Salvo quando encontra o calor de uma lembrança
Distinguir caminhar e pensamento
Contemplar paisagem e lamento
É extinguir a paz que insistiu em estar

Mandem vir os algozes da solidão
Mandem laurear a vitória de Sísifo
Mandem subir a glória de Prometeus
Porque não há nada mais a fazer
Com esse olhar que se modificou.

Morto.