terça-feira, 12 de setembro de 2023

Queiras

 Entrelaçados em suor

Com mãos firmes, navegantes

Por corpos plenos e de amantes

Há permissão de reviver e ser presente


Quando o por do sol encanta o mar

E o vento ecoa na janela, a te invejar 

Por corpos plenos, reconhecidas dores

Se põem quentes de liberdade 


Que tanto amas ser de luz e silêncio ?

Que tanto pensas neste olhar emudecido?

Que tanto tocas ou te ausentas de um corpo vibrante?

Sabendo que o tens em gozo e sede

Menos saciada do que poderias ter sido?


Nada supera intenso prazer e alegria

Nada aponta fora da rebeldia

Portanto que queiras a sós, plenos de dias.



domingo, 23 de julho de 2023

UNIR-VOS (2023)

 Único ser que se forma

Na calada das dores que afloram

Iras contidas da colonização de mentes (dementes?)

Razões que assombram, mas brilham na Alma

(-)

Vamos?

Ontem,

Sobra.


*composto durante o evento Mormaço Cultural, Porto Velho - RO. Pequenas alterações em relação ao original.

domingo, 7 de junho de 2020

"Não consigo respirar"

Não consigo respirar...
A negritude preta
A pretitude negra

Não consigo respirar

No elevador do 5o andar
Que a infância curiosa,
Foi olhar o cachorro passear
Frente a patroíse negligente

Não consigo respirar

No sanduíche causado às laterais doentias
Na avalanche das vaidades daninhas
Na luta pra manter viva a solidariedade vizinha
Na arte que persiste

Não consigo respirar...

O medo em casa
O medo nos hospitais
O medo dos insanos

Então, abro os olhos
Abro os braços,
diante das sobras
E vejo o mundo...
compartilhando tubos de oxigênio

Não consigo respirar... sozinha.

Parar de respirar
Pela brutalidade alheia
Faz o ar da indignação permanente

Não. Não consigo respirar. Serei oxigênio.


segunda-feira, 2 de setembro de 2019

DorDó

Dor.
Dó.
Dor.
Dó.
Dor.
Dó.
Dor.Dó.Dor.Dó.Dor.Dó.Dor.Dó.Dor.Dó
Dó.Dor.Dó.Dor.Dó.Dor.Dó.Dor.Dó.Dor
Imerecido.
Mer.ci.Dó.Dor
Merecida.
Dor.
Dó.
Dor.
Dó.
Dor dura
Dó nua


*in memorian por 30 de agosto de 2019. Que dó.Imerecida. Tanta dor.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Putresceína (2018)

Toque o meu tempo
Desfigure-me no suor
Transite-me no sentimento
Que embale minha dor

Ande sobre o vidro ou sobre o fogo
Percorra-me ante tanto dissabor
Mate-me no prazer ou na loucura
De contar os dias, os anos sem valor

Ó resto humano escorregadio
Batalha-me o cérebro, o coração, o pavor!
Mande-me luz ou fogo sem cor

Ó condescendente omissão da existência
Raspa-me os ossos diante do assombro permanente
Ó imponderável, arrasta-me nas stigmatas do presente.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Perverso (2018)

Como seremos tão maus?
Como seremos tão bons?

Como podemos ter olhos
Que só envolvem os intestinos do mundo...

e

Como seremos tão maus,
Voltados à libido do ódio

Quanta insanidade meu Deus !
Voltados à razão pura do pecado

Tão capitais são os pecados.
Tão adorados pelo odiador.

Como alguém é tão incompleto?
Realizado no Ode à dor!

Tão mau. Tão putrefado.
Tão leviano... Como pode ser isto, Ó Senhor ?

Notas de Um Suicida (2018)

Se eu me matasse você não notaria
Não notaria nem sentiria

Se eu me matasse você não choraria
Mandaria mensagens instantâneas

Sua hipocrisia diria: não percebi
"Ela parecia tão bem"

Se eu me matasse você diria:
Escolheu ir pro inferno sozinha

Lembraria da cor amarela?
Postaria uma Nota de esquecimento?

Se eu me matasse você pensaria:
Quanta inutilidade. Morte escolhida, não paga seguro de vida.

Se eu me matasse quem saberia?

...

Mas se eu me matei, que importância isto teria?

Quanto luxo... nesta hipocrisia.