Mastiga o nada.
Que ele se desfaz em saliva.
Mastiga o tudo.
Antes que ele te cuspa.
Entre o tudo e o nada
Sozinhos ou juntos?
Sei lá. Mastigue-os.
Antes que te engulam
sábado, 22 de abril de 2017
terça-feira, 28 de fevereiro de 2017
Corto (2017)
Corto devagar os papeis sobre a mesa
Fazer confetes de papeis sucateados
Corto devagar papeis com a tesoura insensível
Insensível ela está aos papeis e a mesa
Recortadas ficam ... ali: as sobras, largadas
Picados os papeis, os registros, as memórias
Tesoura ali. Insensível. Plissada.
Querendo desfazer-se do papel e da mancha fabricada
Corto devagar os papeis. Silenciosamente.
Recorto-me em papeis. De papeis insidiosos.
Fico-me nas sobras do nada recortado.
Acabam as memórias, preenchidas de manchas.
Mancho-me de confetes de papeis sucateados.
Insensivel, como uma tesoura silenciosa.
Devagar, como papeis vão sendo picados.
Mancho-me ao encerrar as memórias do nada.
Fazer confetes de papeis sucateados
Corto devagar papeis com a tesoura insensível
Insensível ela está aos papeis e a mesa
Recortadas ficam ... ali: as sobras, largadas
Picados os papeis, os registros, as memórias
Tesoura ali. Insensível. Plissada.
Querendo desfazer-se do papel e da mancha fabricada
Corto devagar os papeis. Silenciosamente.
Recorto-me em papeis. De papeis insidiosos.
Fico-me nas sobras do nada recortado.
Acabam as memórias, preenchidas de manchas.
Mancho-me de confetes de papeis sucateados.
Insensivel, como uma tesoura silenciosa.
Devagar, como papeis vão sendo picados.
Mancho-me ao encerrar as memórias do nada.
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017
Convida-me? (2016)
Convida-me para uma noite de vinhos e conversa
Para uma noite de andanças despretensiosas
Convida-me para uma adega de bons pensamentos
Para uma noite de inteligência e risos
Convida-me para olhares furtivos, com descobertas inocentes
Em uma noite sem grandes rompantes
Vinho, risos, descobertas
Convida-me. Assim de simples: o direito de nos (re)conhecer.
Convida-me para nos sentirmos vivos.
Como vivo é deixar-se querer.
Para uma noite de andanças despretensiosas
Convida-me para uma adega de bons pensamentos
Para uma noite de inteligência e risos
Convida-me para olhares furtivos, com descobertas inocentes
Em uma noite sem grandes rompantes
Vinho, risos, descobertas
Convida-me. Assim de simples: o direito de nos (re)conhecer.
Convida-me para nos sentirmos vivos.
Como vivo é deixar-se querer.
Morto (2016)
E o olhar se modifica em mim.
A face do que não sei confronta a impaciência
E desfaz a memória da angústia.
Revela-se a alegria.
Revela-se uma fantasia.
Póstumas andanças de alguém que não existe
Salvo quando encontra o calor de uma lembrança
Distinguir caminhar e pensamento
Contemplar paisagem e lamento
É extinguir a paz que insistiu em estar
Mandem vir os algozes da solidão
Mandem laurear a vitória de Sísifo
Mandem subir a glória de Prometeus
Porque não há nada mais a fazer
Com esse olhar que se modificou.
Morto.
A face do que não sei confronta a impaciência
E desfaz a memória da angústia.
Revela-se a alegria.
Revela-se uma fantasia.
Póstumas andanças de alguém que não existe
Salvo quando encontra o calor de uma lembrança
Distinguir caminhar e pensamento
Contemplar paisagem e lamento
É extinguir a paz que insistiu em estar
Mandem vir os algozes da solidão
Mandem laurear a vitória de Sísifo
Mandem subir a glória de Prometeus
Porque não há nada mais a fazer
Com esse olhar que se modificou.
Morto.
terça-feira, 7 de abril de 2015
O CIENTISTA NU ESPELHO (2013 - AUREO JOÃO)
Blog de: Áureo João. Teresina, 14 de outubro de 2013
O Cientista é um ente
autocriado,
autocausado,
autodeclarado,
autodivinizado,
autoproclamado...
O Cientista,
se pensa...
se fecunda,
se pare,
se valida...
faz-se um ente de único gênero e espécie...
Fálico.
Por sua própria ciência e com esta só
e sua linguagem restrita, adoece e morre,
só...
O Cientista pensa...
que o mundo todo
e todo mundo
só existe
por causa de sua ciência apenas e
de sua prescrição doutoral.
O Cientista é escultor de si mesmo;
esculpe sua formosura e formatura;
talha sua matéria-prima, como criador e criatura.
Resultam belas esculturas e finas culturas.
Às vezes, não raro,
abestalhadas criaturas.
O Cientista é um devoto fervoroso.
Na sua trindade sagrada,
dogmática dura,
sua religião-ciência tem fé absurda.
Tradição, Método e Linguagem;
e uma comunidade fanática... Referenciada...
Crentes fanáticos em suas crenças,
os cientistas, aos muitos,
à semelhança de religiosos fundamentalistas,
nos tentam fazer crer como eles mesmos, em ismos e centrismos,
e nos aprisionar em suas correntes...
discípulos dos discípulos dos discípulos
e dos mestres que dominam suas cabeças...
nos perseguem pelas desobediências atrevidas, heresias e descrenças
No panteão da ciência-religião,
autores que se pensam deuses, outros divinizados;
livros sacralizados, teorias canonizadas;
academias-senzalas, adestramentos e açoites;
hierarquias, departamentalizações, citações;
rituais e normas, reificações,
valem mais que as vidas cotidianas manifestas...
apenas para os Cientistas mesmos; só.
Os cientistas inventaram
a Ciência e a Técnica,
o cronômetro mecânico,
os seus domínios sobre a Terra e os Oceanos,
e o estado elevado de sua Arte própria,
para nos livrar dos desígnios dos Deuses Todos,
da tentação do Diabo,
e das moradias do Céu e do Inferno,
Mas, agindo como se fossem Deuses e Diabos, padecem nas bestialidades de seus próprios eus apequenados. O inferno de si.
No currículo dos cientistas, há coisas que nos assustam:
Concorrências desnecessárias, às vezes desleais;
melindres, desafetos;
intrigas, ressentimentos;
estresses, muita pressa;
pressão, depressão, transtornos;
infartos; AVC;
aridez afetiva e espiritual,
apologia ao saber-poder;
solidão;
loucuras.
O Cientista fálico,
de razão e objetividade só,
adorador de sua trindade e do culto em si,
é um gênio tolo falador,
um idiotizado com dureza,
que não acha graça nos adornos e coisas simples da vida;
vive sem ternura;
uma besta que se acha culta e superior aos entes demais...
No plantel dos Cientistas,
autodivinizados,
abestalhados,
tolos,
idiotizados
bestas incultas,
há especiais criaturas.
Estas últimas criaturas são humanos que se sabem e nos sentem;
e sabem que sabem, e quando não sabem;
e sentem que sentem,
e intuem,
e poetam,
e riem livres,
e choram soltos,
e se encantam com os encantados,
e nos ensinam,
com ternura e adornos...
como homens, mulheres e pessoas...
e nos tornam melhores !!!...
São as nossas luzes... e nossos espelhos !!!
sábado, 11 de janeiro de 2014
E... Morreu (2014)
Boca entreaberta e mão espalmada
O leito tem o cheiro da espera
Silêncio.
Devagar o tempo para.
Uma aura sinistra.
Uma paz imprópria.
Em um ato abrupto
O corpo se levantaaaaa ahhhhhhhhh
Cai. Morto.
É tão poderosa essa impotência
Que nada resta a fazer, além de tomar café.
Uma forma tosca de engolir o nada.
O leito tem o cheiro da espera
Silêncio.
Devagar o tempo para.
Uma aura sinistra.
Uma paz imprópria.
Em um ato abrupto
O corpo se levantaaaaa ahhhhhhhhh
Cai. Morto.
É tão poderosa essa impotência
Que nada resta a fazer, além de tomar café.
Uma forma tosca de engolir o nada.
domingo, 26 de maio de 2013
RONDA, 1953 (Paulo Vanzolini)
Paulo Vanzolini, pesquisador, poeta... Saiba mais:
http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/192/o-cientista-poeta-288077-1.asp
RONDA
De noite eu rondo a cidade
A te procurar sem encontrar
No meio de olhares espio em todos os bares
Você não está
Volto pra casa abatida
Desencantada da vida
O sonho alegria me dá
Nele você está
Ah, se eu tivesse quem bem me quisesse
Esse alguém me diria
Desiste, esta busca é inútil
Eu não desistia
Porém, com perfeita paciência
Volto a te buscar
Hei de encontrar
Bebendo com outras mulheres
Rolando um dadinho
Jogando bilhar
E neste dia então
Vai dar na primeira edição
Cena de sangue num bar
Da avenida são joão
............
Interpretação de Maria Betânia: http://www.youtube.com/watch?v=m1QOGybRmkQ
http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/192/o-cientista-poeta-288077-1.asp
RONDA
De noite eu rondo a cidade
A te procurar sem encontrar
No meio de olhares espio em todos os bares
Você não está
Volto pra casa abatida
Desencantada da vida
O sonho alegria me dá
Nele você está
Ah, se eu tivesse quem bem me quisesse
Esse alguém me diria
Desiste, esta busca é inútil
Eu não desistia
Porém, com perfeita paciência
Volto a te buscar
Hei de encontrar
Bebendo com outras mulheres
Rolando um dadinho
Jogando bilhar
E neste dia então
Vai dar na primeira edição
Cena de sangue num bar
Da avenida são joão
............
Interpretação de Maria Betânia: http://www.youtube.com/watch?v=m1QOGybRmkQ
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