E o olhar se modifica em mim.
A face do que não sei confronta a impaciência
E desfaz a memória da angústia.
Revela-se a alegria.
Revela-se uma fantasia.
Póstumas andanças de alguém que não existe
Salvo quando encontra o calor de uma lembrança
Distinguir caminhar e pensamento
Contemplar paisagem e lamento
É extinguir a paz que insistiu em estar
Mandem vir os algozes da solidão
Mandem laurear a vitória de Sísifo
Mandem subir a glória de Prometeus
Porque não há nada mais a fazer
Com esse olhar que se modificou.
Morto.
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017
terça-feira, 7 de abril de 2015
O CIENTISTA NU ESPELHO (2013 - AUREO JOÃO)
Blog de: Áureo João. Teresina, 14 de outubro de 2013
O Cientista é um ente
autocriado,
autocausado,
autodeclarado,
autodivinizado,
autoproclamado...
O Cientista,
se pensa...
se fecunda,
se pare,
se valida...
faz-se um ente de único gênero e espécie...
Fálico.
Por sua própria ciência e com esta só
e sua linguagem restrita, adoece e morre,
só...
O Cientista pensa...
que o mundo todo
e todo mundo
só existe
por causa de sua ciência apenas e
de sua prescrição doutoral.
O Cientista é escultor de si mesmo;
esculpe sua formosura e formatura;
talha sua matéria-prima, como criador e criatura.
Resultam belas esculturas e finas culturas.
Às vezes, não raro,
abestalhadas criaturas.
O Cientista é um devoto fervoroso.
Na sua trindade sagrada,
dogmática dura,
sua religião-ciência tem fé absurda.
Tradição, Método e Linguagem;
e uma comunidade fanática... Referenciada...
Crentes fanáticos em suas crenças,
os cientistas, aos muitos,
à semelhança de religiosos fundamentalistas,
nos tentam fazer crer como eles mesmos, em ismos e centrismos,
e nos aprisionar em suas correntes...
discípulos dos discípulos dos discípulos
e dos mestres que dominam suas cabeças...
nos perseguem pelas desobediências atrevidas, heresias e descrenças
No panteão da ciência-religião,
autores que se pensam deuses, outros divinizados;
livros sacralizados, teorias canonizadas;
academias-senzalas, adestramentos e açoites;
hierarquias, departamentalizações, citações;
rituais e normas, reificações,
valem mais que as vidas cotidianas manifestas...
apenas para os Cientistas mesmos; só.
Os cientistas inventaram
a Ciência e a Técnica,
o cronômetro mecânico,
os seus domínios sobre a Terra e os Oceanos,
e o estado elevado de sua Arte própria,
para nos livrar dos desígnios dos Deuses Todos,
da tentação do Diabo,
e das moradias do Céu e do Inferno,
Mas, agindo como se fossem Deuses e Diabos, padecem nas bestialidades de seus próprios eus apequenados. O inferno de si.
No currículo dos cientistas, há coisas que nos assustam:
Concorrências desnecessárias, às vezes desleais;
melindres, desafetos;
intrigas, ressentimentos;
estresses, muita pressa;
pressão, depressão, transtornos;
infartos; AVC;
aridez afetiva e espiritual,
apologia ao saber-poder;
solidão;
loucuras.
O Cientista fálico,
de razão e objetividade só,
adorador de sua trindade e do culto em si,
é um gênio tolo falador,
um idiotizado com dureza,
que não acha graça nos adornos e coisas simples da vida;
vive sem ternura;
uma besta que se acha culta e superior aos entes demais...
No plantel dos Cientistas,
autodivinizados,
abestalhados,
tolos,
idiotizados
bestas incultas,
há especiais criaturas.
Estas últimas criaturas são humanos que se sabem e nos sentem;
e sabem que sabem, e quando não sabem;
e sentem que sentem,
e intuem,
e poetam,
e riem livres,
e choram soltos,
e se encantam com os encantados,
e nos ensinam,
com ternura e adornos...
como homens, mulheres e pessoas...
e nos tornam melhores !!!...
São as nossas luzes... e nossos espelhos !!!
sábado, 11 de janeiro de 2014
E... Morreu (2014)
Boca entreaberta e mão espalmada
O leito tem o cheiro da espera
Silêncio.
Devagar o tempo para.
Uma aura sinistra.
Uma paz imprópria.
Em um ato abrupto
O corpo se levantaaaaa ahhhhhhhhh
Cai. Morto.
É tão poderosa essa impotência
Que nada resta a fazer, além de tomar café.
Uma forma tosca de engolir o nada.
O leito tem o cheiro da espera
Silêncio.
Devagar o tempo para.
Uma aura sinistra.
Uma paz imprópria.
Em um ato abrupto
O corpo se levantaaaaa ahhhhhhhhh
Cai. Morto.
É tão poderosa essa impotência
Que nada resta a fazer, além de tomar café.
Uma forma tosca de engolir o nada.
domingo, 26 de maio de 2013
RONDA, 1953 (Paulo Vanzolini)
Paulo Vanzolini, pesquisador, poeta... Saiba mais:
http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/192/o-cientista-poeta-288077-1.asp
RONDA
De noite eu rondo a cidade
A te procurar sem encontrar
No meio de olhares espio em todos os bares
Você não está
Volto pra casa abatida
Desencantada da vida
O sonho alegria me dá
Nele você está
Ah, se eu tivesse quem bem me quisesse
Esse alguém me diria
Desiste, esta busca é inútil
Eu não desistia
Porém, com perfeita paciência
Volto a te buscar
Hei de encontrar
Bebendo com outras mulheres
Rolando um dadinho
Jogando bilhar
E neste dia então
Vai dar na primeira edição
Cena de sangue num bar
Da avenida são joão
............
Interpretação de Maria Betânia: http://www.youtube.com/watch?v=m1QOGybRmkQ
http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/192/o-cientista-poeta-288077-1.asp
RONDA
De noite eu rondo a cidade
A te procurar sem encontrar
No meio de olhares espio em todos os bares
Você não está
Volto pra casa abatida
Desencantada da vida
O sonho alegria me dá
Nele você está
Ah, se eu tivesse quem bem me quisesse
Esse alguém me diria
Desiste, esta busca é inútil
Eu não desistia
Porém, com perfeita paciência
Volto a te buscar
Hei de encontrar
Bebendo com outras mulheres
Rolando um dadinho
Jogando bilhar
E neste dia então
Vai dar na primeira edição
Cena de sangue num bar
Da avenida são joão
............
Interpretação de Maria Betânia: http://www.youtube.com/watch?v=m1QOGybRmkQ
quinta-feira, 11 de abril de 2013
Rima de amor (2007)
O dia brilhou
A chuva não veio...
Um anjo piscou
Você estava no meio
Deus te abençou
E teu amor me acertou de cheio...
(enviado por email para Veronica Brasil, em 28.12.2007)
A chuva não veio...
Um anjo piscou
Você estava no meio
Deus te abençou
E teu amor me acertou de cheio...
(enviado por email para Veronica Brasil, em 28.12.2007)
sexta-feira, 5 de abril de 2013
Mansidão... (2013)
Na esquina encontro obscuros encantos
Que fogem resignados a partir do nada
Enquanto cedem o lugar para o desengano
E a memória se desfaz, inquieta.
Nada fica. Tudo se foi. E o que virá?
Tormento e desejo. Paz e sossego. Desamor e apego.
Um ritmo insensato e insano. Ao mesmo tempo, uma calma
Tão pouco revista.
Quebro teu rosto.
Mordo tua língua. Tenho ira!
Odeio com todas as minhas entranhas
Pelo quanto que me fazes perder tempo.
Que fogem resignados a partir do nada
Enquanto cedem o lugar para o desengano
E a memória se desfaz, inquieta.
Nada fica. Tudo se foi. E o que virá?
Tormento e desejo. Paz e sossego. Desamor e apego.
Um ritmo insensato e insano. Ao mesmo tempo, uma calma
Tão pouco revista.
Quebro teu rosto.
Mordo tua língua. Tenho ira!
Odeio com todas as minhas entranhas
Pelo quanto que me fazes perder tempo.
quarta-feira, 6 de março de 2013
Que mais? (2013)
Se dói o peito, prende e não se respira
Que mais precisa para saber
Que não é possível parar
Se dói, incômodo e crescente
E a mente discorda
Que mais precisa fazer
Para superar?
Por favor, sua mente vai quebrar você inteira.
E sua vontade vai morrer frustrada.
Vendo você decidir ficar parada
Quando sabe exatamente o que deve fazer.
Que mais precisa para saber
Que não é possível parar
Se dói, incômodo e crescente
E a mente discorda
Que mais precisa fazer
Para superar?
Por favor, sua mente vai quebrar você inteira.
E sua vontade vai morrer frustrada.
Vendo você decidir ficar parada
Quando sabe exatamente o que deve fazer.
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