quarta-feira, 16 de abril de 2025

Disperso (2025)


No caso de um mundo que não é teu

Na busca de um mundo que não é possível

No prazo de um mundo que não existe

No lema que não entendo o que ocorre

Respiro porque tudo faz sentido

(Onde  ter sentido é parte do não-processo)

Revogando almas de descobertas

Ignoradas.

Incertas.

Lesas.


*Imagem gerada por IA Gemini Imagem 3

quarta-feira, 9 de abril de 2025

Torturada-mente (2025)











Engulo a agenda

O gole que engole a pressa

Doendo as vertebras

Em-mente que fervilha

Compromissos

Compassos

Espaços

Dilemas

Fugas

Enfisemas


Colapsa meu tempo

Rasga meu tônus

Quanto tenho de tempo

Quantos dedos refazem

Nas tarefas

Nas farpas

Nas fezes

Nas vezes

Na tosse

Que coça.


Engulo.

Á seco.


*imagem produzida por IA-CoPilot (2025)

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Linda Menina (2025)

*magem gerada IA-FluxPro

Linda menina 

sozinha

quietinha


Dormindo

em nuvens

em planos

em sonhos


Andando

no céu

na lua

no rio


Vivendo

o dia

o sol

ao léu


Linda menina

Tão pura

Tão mel 

quarta-feira, 26 de março de 2025

Ecos do Quadro Branco (2025-IA)


Nas paredes encardidas da sala,  

O quadro branco é o palco.  

Ali, palavras em giz ou marcador  

Brotam como sementes de ideia,  

Algumas germinam, outras se apagam antes do intervalo.


A cadeira rangendo sob o peso da inquietação,  

Estudantes constroem hipóteses frágeis,  

Desconstruídas pelo sopro de um argumento bem posto.  

O professor não é bússola,  

Mas o vento que complica o trajeto.


Pilhas de artigos marcados com notas  

Carregam noites de café frio e olhos vermelhos.  

"O plágio é um abismo!" ecoa no corredor.  

Enquanto a biblioteca, com seu cheiro de papel velho,  

Oferece refúgio aos que enfrentam prazos.


E na mesa redonda do debate,  

Onde ideias colidem como átomos frenéticos,  

Um momento raro: silêncio absoluto.  

É o instante em que a lógica triunfa  

E todos acenam, por dentro, à beleza do saber.


Ali, no caos quase metódico,  

O acadêmico encontra sentido.  

Não na resposta final,  

Mas na pergunta que nunca se cala.


(Autor: Co-Pilot, atendendo ao comando: "Aqui está uma poesia original com inspiração no ambiente acadêmico, sem cair no lirismo')


quarta-feira, 19 de março de 2025

Mau (2025)

 


Ser tão diferente

Que tanta indiferença

Se torna imperativo

Para sobreviver no Nada.


Ser tão impura

Frente aos puros

Lidar com as diferenças

Impostas com indiferença.


Lidar com o mau

Com a indiferença real.


(*imagem gerada por IA Flux)

quarta-feira, 12 de março de 2025

Luz (2025)

 


No cósmico e no telúrico

Como um ponto ou uma ponta

Tenho animus tradutores

Apontando-me a iluminação!


Tenho aura, tenho alma

Tenho ânima, tenho lâminas

Em um sentido, sinto-me inteira

Sou inteira nos pedaços de mim.


No cósmico a química da alegria

No mundo, me visto poesia

Isso tudo celebrando a vida

Sendo plena, em-feliz e luz todos os dias.


NOTA: * (*imagem gerada por IA DALLE)

quinta-feira, 6 de março de 2025

CINCO POEMAS DE JAMESSON BUARQUE* (2016)

Então nos disseram para temer

dizendo-nos que não tínhamos certezas

Chamaram-nos de ignorantes

rebatemos, mas de olhos líquidos

Insistiram que não sabíamos enxergar

respondemos, mas de dedos torsos

Acrescentaram que não tínhamos tato

então, confiamos, saindo do sonho

Dissemo-nos Isto não é certo, não é

não fazemos nada certo, e repetíamos

Isto não é certo, não é, não fazemos nada certo

e cedemos nossa cabeça em bandejas

deixamos nosso corpo e nossa casa

de mãos lavadas dando as costas a cipoadas

sem mais dizer

nada

 [2]

À deriva não, não é à deriva

não há mar, foi sequestrado

quando houve, naquele tempo

quem naufragou, as horas suprimiram

No mar, quando alguém sucumbe

até o nome dos ossos se afogam

Não, não é, não é à deriva

não há túnel de vento, nem vento

a brisa já é uma velha desconhecida

quem a conheceu, o cemitério levou

Num túnel de vento, quem se perde

até as horas não presenciam

Estamos na escrita arruinada

sem morfologia nem sintaxe

e de nossa voz, o passado

já se olvidou que fomos um povo

Na ruína, do que fomos

nem o pesadelo resta

 [3]

Somos insolúveis, e isso

não é drama, é tragédia

Olhamos adiante para repetir ontem

e quando envelhecemos

voltamos ao pretérito

Aí as horas nos enrijecem e jamais

tornamo-nos monumentos

Não nos adianta feriados nem férias

continuamos adiante

sem linha obtusa nem curva

Seguimos à vela, queimando

até extinguir nossas pernas

 [4]

Não, nenhuma época foi

mais nem menos indigente do que esta

sabemo-nos existentes, é patente

somente da que vivemos, e não adianta

recorrer às enciclopédias

nem se imaginar no ciclo das águas

nelas não nos misturamos e passam

mas amamos, é verdade

uma sobressaltada mansidão

e até aprendemos a fabricar a calma

contudo, também odiamos

ou nos entregamos à invisibilidade

 [5]

Para expatriar-se desta terra

sequer

precisamos sair dela

nem devemos

basta permanecer em seu colo

que logo sem teima

o exílio um dia chega

Estarmos lá não dá saudade daqui

que aqui já é

o lugar da ausência

Se alguém acaso disser Há horizontes

sabe-se, há horizontes em todo lugar

Se fizermos uma faxina

um dia

em todos os palácios desta terra e transformá-los

em casas de festa e de oferendas

aí deixaremos de aguardar

horas inexistentes

*Professor da Universidade Federal de Goiás - UFGO

(FONTE: https://ermiracultura.com.br/2016/12/02/cinco-poemas-de-jamesson-buarque/?form=MG0AV3)

CURADORIA: Curadoria de Luís Araujo Pereira