domingo, 23 de julho de 2023

UNIR-VOS (2023)

 Único ser que se forma

Na calada das dores que afloram

Iras contidas da colonização de mentes (dementes?)

Razões que assombram, mas brilham na Alma

(-)

Vamos?

Ontem,

Sobra.


*composto durante o evento Mormaço Cultural, Porto Velho - RO. Pequenas alterações em relação ao original.

domingo, 7 de junho de 2020

"Não consigo respirar" (2020)

Não consigo respirar...
A negritude preta
A pretitude negra

Não consigo respirar

No elevador do 5o andar
Que a infância curiosa,
Foi olhar o cachorro passear
Frente a patroíse negligente

Não consigo respirar

No sanduíche causado às laterais doentias
Na avalanche das vaidades daninhas
Na luta pra manter viva a solidariedade vizinha
Na arte que persiste

Não consigo respirar...

O medo em casa
O medo nos hospitais
O medo dos insanos

Então, abro os olhos
Abro os braços,
diante das sobras
E vejo o mundo...
compartilhando tubos de oxigênio

Não consigo respirar... sozinha.

Parar de respirar
Pela brutalidade alheia
Faz o ar da indignação permanente

Não. Não consigo respirar. Serei oxigênio.


segunda-feira, 2 de setembro de 2019

DorDó (2019)

Dor.
Dó.
Dor.
Dó.
Dor.
Dó.
Dor.Dó.Dor.Dó.Dor.Dó.Dor.Dó.Dor.Dó
Dó.Dor.Dó.Dor.Dó.Dor.Dó.Dor.Dó.Dor
Imerecido.
Mer.ci.Dó.Dor
Merecida.
Dor.
Dó.
Dor.
Dó.
Dor dura
Dó nua


*in memorian por 30 de agosto de 2019. Que dó.Imerecida. Tanta dor.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Putresceína (2018)

Toque o meu tempo
Desfigure-me no suor
Transite-me no sentimento
Que embale minha dor

Ande sobre o vidro ou sobre o fogo
Percorra-me ante tanto dissabor
Mate-me no prazer ou na loucura
De contar os dias, os anos sem valor

Ó resto humano escorregadio
Batalha-me o cérebro, o coração, o pavor!
Mande-me luz ou fogo sem cor

Ó condescendente omissão da existência
Raspa-me os ossos diante do assombro permanente
Ó imponderável, arrasta-me nas stigmatas do presente.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Perverso (2018)

Como seremos tão maus?
Como seremos tão bons?

Como podemos ter olhos
Que só envolvem os intestinos do mundo...

e

Como seremos tão maus,
Voltados à libido do ódio

Quanta insanidade meu Deus !
Voltados à razão pura do pecado

Tão capitais são os pecados.
Tão adorados pelo odiador.

Como alguém é tão incompleto?
Realizado no Ode à dor!

Tão mau. Tão putrefado.
Tão leviano... Como pode ser isto, Ó Senhor ?

Notas de Um Suicida (2018)

Se eu me matasse você não notaria
Não notaria nem sentiria

Se eu me matasse você não choraria
Mandaria mensagens instantâneas

Sua hipocrisia diria: não percebi
"Ela parecia tão bem"

Se eu me matasse você diria:
Escolheu ir pro inferno sozinha

Lembraria da cor amarela?
Postaria uma Nota de esquecimento?

Se eu me matasse você pensaria:
Quanta inutilidade. Morte escolhida, não paga seguro de vida.

Se eu me matasse quem saberia?

...

Mas se eu me matei, que importância isto teria?

Quanto luxo... nesta hipocrisia.

sábado, 23 de setembro de 2017

Figuras (Eduardo Martins, 2017*)

Nenhuma forma de fora
Nenhum sentido cá de dentro
Parte figura não sai que flora
Flor que não tem sentido centro

Um constelato concreto forma
Fronha por fora palavra dentro
Flora de flor que não desfolha
Sentido quase buquê-invento

Nenhuma figura palavra forma
Parte de larva lavra seu centro
Forma palavra parte de fogo
Ser seu sentido cinza ao vento.

(Eduardo Martins, Professor UNIR. Livro A Palavra Falta, Ed.Temática 2a. Edição p.38)