domingo, 25 de fevereiro de 2018

Putresceína (2018)

Toque o meu tempo
Desfigure-me no suor
Transite-me no sentimento
Que embale minha dor

Ande sobre o vidro ou sobre o fogo
Percorra-me ante tanto dissabor
Mate-me no prazer ou na loucura
De contar os dias, os anos sem valor

Ó resto humano escorregadio
Batalha-me o cérebro, o coração, o pavor!
Mande-me luz ou fogo sem cor

Ó condescendente omissão da existência
Raspa-me os ossos diante do assombro permanente
Ó imponderável, arrasta-me nas stigmatas do presente.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Perverso (2018)

Como seremos tão maus?
Como seremos tão bons?

Como podemos ter olhos
Que só envolvem os intestinos do mundo...

e

Como seremos tão maus,
Voltados à libido do ódio

Quanta insanidade meu Deus !
Voltados à razão pura do pecado

Tão capitais são os pecados.
Tão adorados pelo odiador.

Como alguém é tão incompleto?
Realizado no Ode à dor!

Tão mau. Tão putrefado.
Tão leviano... Como pode ser isto, Ó Senhor ?

Notas de Um Suicida (2018)

Se eu me matasse você não notaria
Não notaria nem sentiria

Se eu me matasse você não choraria
Mandaria mensagens instantâneas

Sua hipocrisia diria: não percebi
"Ela parecia tão bem"

Se eu me matasse você diria:
Escolheu ir pro inferno sozinha

Lembraria da cor amarela?
Postaria uma Nota de esquecimento?

Se eu me matasse você pensaria:
Quanta inutilidade. Morte escolhida, não paga seguro de vida.

Se eu me matasse quem saberia?

...

Mas se eu me matei, que importância isto teria?

Quanto luxo... nesta hipocrisia.

sábado, 23 de setembro de 2017

Figuras (Eduardo Martins, 2017*)

Nenhuma forma de fora
Nenhum sentido cá de dentro
Parte figura não sai que flora
Flor que não tem sentido centro

Um constelato concreto forma
Fronha por fora palavra dentro
Flora de flor que não desfolha
Sentido quase buquê-invento

Nenhuma figura palavra forma
Parte de larva lavra seu centro
Forma palavra parte de fogo
Ser seu sentido cinza ao vento.

(Eduardo Martins, Professor UNIR. Livro A Palavra Falta, Ed.Temática 2a. Edição p.38)

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Inexis-ti (2017)

E existes, existirás sob o céu
Ou sob minha vontade.
Não.

Existes, exclusivamente,
Sob minhas insônias
Sob meu refúgio.
Sim.

Inexistes.
Eres apenas a ausência de mim.

Fim.

CANÇÃO PARA DAPHINIE (2010, Ivan Petrovitch)

descansa
no silêncio branco
da folha de papel
a poesia

descansa onde as folhas caem
onde amansa o açoite das águas
descansa nos olhos de Daphinie

na voz do vento
na  música da chuva
na ternura das asas

no outro lado impenetrável das coisas
no murmúrio das horas
no mar, no sol, na lua, nas ruas

na ânsia de quem espera o amor que não vem

descansa
a poesia
nuinha em flor...



Ivan Petrovitch - http://ivanpetrovitch.blogspot.com.br

O CIENTISTA E O POETA (2005. Ileides, autora)

Vou traçar um paralelo

Entre Poesia e Ciência.
A Ciência explica os fatos,
Poesia cria essência.

Cientista quando fala
Pode provar o que diz.
O poeta quando escreve
Basta sonhar... ser feliz.

Cientista diz que a chuva
É reação da natureza.
Para o poeta é o céu
Que chora em grande tristeza.

Cientista vê na lua
Satélite natural.
Para o poeta é a sua
Companheira sem rival.

Cientista diz que o Sol
É uma estrela fulgurante.
Para o poeta é farol
Que brilha no azul distante.

Cientista vê as estrelas
Como astros luminosos.
Para o poeta são anjos
Nossos entes, jubilosos.

Cientista diz que eclipse
É alinhamento orbital.
Ao poeta é casamento
Lá no espaço sideral.

Cientista vê cascatas
Como quedas naturais.
Para o poeta são véus
Que enfeitam... são madrigais.

Cientista explica os olhos
Como órgãos da visão.
Para o poeta são luzes...
Janelas do coração.

Coração, para a Ciência
É só um músculo no peito.
Para o poeta é a fonte
De sentimentos perfeitos.

A Ciência para o mundo
Tem importância vital.
Poesia para a vida
Tem valor fundamental.

Cientista ou poeta
Cada qual tem seu valor.
Ciência aprimora a vida
Poesia... gera amor.
Ileides Muller
Enviado por Ileides Muller em 18/09/2005
Código do texto: T51554
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