quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Central de Almas* (2025)

 Estou aqui.

Ainda.

Pelas mulheres de maio.

Pelos homens de outono.

Pela honestidade da luta.

Ainda estou aqui, tal qual estive "Logo Ali"

porque é ali que ela mora. 

Bem pertinho da nossa cegueira.

Não tenho o tamanho de um prêmio.

Tenho a esperança de um Porto

Tenho o cultivo de um horto.

Tenho a liberdade da arte... 

A-Grael do humano.

Suspirando em um Monte, numa estação de histórias... 

subindo as Torres... traduzindo livros

De um filho que, após anos, documentou um pai.

Não desejo o prêmio, por eles.

Celebro a vida de poder ser povo.

Celebro o momento de ser eu mesma.

E no fim de uma memória, contemplar a História.
Recusar desaparecer.

Ser serva do presente.

E me fazer contente. 

Quando o indizível, torna-me visível.


(*sobre a indicação ao Oscar 2025)

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Sem Som (2024)

 Um silêncio que ensurdece

Uma página onde não se escreve

Sonoros "nãos" que empalidecem

Uma alma... que se embrutece.

...

shhhh !!

terça-feira, 12 de setembro de 2023

Queiras (2023)

 Entrelaçados em suor

Com mãos firmes, navegantes

Por corpos plenos e de amantes

Há permissão de reviver e ser presente


Quando o por do sol encanta o mar

E o vento ecoa na janela, a te invejar 

Por corpos plenos, reconhecidas dores

Se põem quentes de liberdade 


Que tanto amas ser de luz e silêncio ?

Que tanto pensas neste olhar emudecido?

Que tanto tocas ou te ausentas de um corpo vibrante?

Sabendo que o tens em gozo e sede

Menos saciada do que poderias ter sido?


Nada supera intenso prazer e alegria

Nada aponta fora da rebeldia

Portanto que queiras a sós, plenos de dias.



domingo, 23 de julho de 2023

UNIR-VOS (2023)

 Único ser que se forma

Na calada das dores que afloram

Iras contidas da colonização de mentes (dementes?)

Razões que assombram, mas brilham na Alma

(-)

Vamos?

Ontem,

Sobra.


*composto durante o evento Mormaço Cultural, Porto Velho - RO. Pequenas alterações em relação ao original.

domingo, 7 de junho de 2020

"Não consigo respirar" (2020)

Não consigo respirar...
A negritude preta
A pretitude negra

Não consigo respirar

No elevador do 5o andar
Que a infância curiosa,
Foi olhar o cachorro passear
Frente a patroíse negligente

Não consigo respirar

No sanduíche causado às laterais doentias
Na avalanche das vaidades daninhas
Na luta pra manter viva a solidariedade vizinha
Na arte que persiste

Não consigo respirar...

O medo em casa
O medo nos hospitais
O medo dos insanos

Então, abro os olhos
Abro os braços,
diante das sobras
E vejo o mundo...
compartilhando tubos de oxigênio

Não consigo respirar... sozinha.

Parar de respirar
Pela brutalidade alheia
Faz o ar da indignação permanente

Não. Não consigo respirar. Serei oxigênio.


segunda-feira, 2 de setembro de 2019

DorDó (2019)

Dor.
Dó.
Dor.
Dó.
Dor.
Dó.
Dor.Dó.Dor.Dó.Dor.Dó.Dor.Dó.Dor.Dó
Dó.Dor.Dó.Dor.Dó.Dor.Dó.Dor.Dó.Dor
Imerecido.
Mer.ci.Dó.Dor
Merecida.
Dor.
Dó.
Dor.
Dó.
Dor dura
Dó nua


*in memorian por 30 de agosto de 2019. Que dó.Imerecida. Tanta dor.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Putresceína (2018)

Toque o meu tempo
Desfigure-me no suor
Transite-me no sentimento
Que embale minha dor

Ande sobre o vidro ou sobre o fogo
Percorra-me ante tanto dissabor
Mate-me no prazer ou na loucura
De contar os dias, os anos sem valor

Ó resto humano escorregadio
Batalha-me o cérebro, o coração, o pavor!
Mande-me luz ou fogo sem cor

Ó condescendente omissão da existência
Raspa-me os ossos diante do assombro permanente
Ó imponderável, arrasta-me nas stigmatas do presente.